terça-feira, 14 de julho de 2015

Quando a escrita criativa se torna terapia?

Em 1934, Joseph Campbell começou a lecionar mitologia e religião comparada, no Sarah Lawrence College, para turmas exclusivamente femininas.



Nesta época, a sociedade já tinha reconhecido o direito feminino à alfabetização e ao estudo, porém ainda se discutia quais os conteúdos e que tipo de educação deveriam ser dirigidos à mulher. Em outras palavras, homens e mulheres podiam estudar, mas estudavam conteúdos diferentes. Foi então, o Sarah Lawrence College propôs algo diferente: permitiu que suas alunas questionassem os professores, indicando a estes o que lhes interessava estudar.

Assim, enquanto Campbell explicava os mitos antigos, as religiões pagãs e as comparava às crenças modernas, suas alunas cobravam que ele lhes explicasse qual a utilidade e o interesse atual destas histórias antigas, ou seja, como cada uma delas poderia incorporar às suas vidas cotidianas, os conhecimentos que lhe eram repassados.


Instigado, Campbell desenvolveu o que chamou de A JORNADA DO HERÓI, identificando os arquétipos dos grandes mitos heróicos, e como tais arquétipos se relacionam e se apresentam na vida de cada um de nós.



Esta teoria desvenda o aspecto terapêutico da criação literária, demostrando como o criar (ou contar) histórias pode mudar, para melhor, a vida de qualquer pessoa.



A partir destes estudos, Campbell tornou-se um estudioso renomado, autor de vários livros, e teve muitos seguidores. A partir deste movimento, hoje a contação de histórias é reconhecida pelo seu potencial terapêutico, embora a escrita criativa, porque muito utilizada pela indústria cinematográfica e editorial, foi mais divulgada como entretenimento.

Entretanto, a escrita criativa tem um potencial terapêutico ainda mais poderoso do quê a contação de histórias. Através da livre associação e da intrínseca lógica da ficção, a criação literária nos faz navegar e refletir sobre um universo que nem imaginávamos existir dentro de nós.